Em uma audiência que perdurou por mais de quatro horas no Fórum de Campo Grande, os réus do "Caso Sophia", Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto de Sophia Ocampos de Jesus, respectivamente, falaram pela primeira vez, negando veementemente as acusações relacionadas ao violento assassinato da criança de dois anos.
Stephanie, visivelmente emocionada, assumiu uma postura defensiva, atribuindo a total responsabilidade pelo crime ao companheiro: "Foi o Christian. Eu não teria coragem. Não tinha coragem nem de bater nela, quem dirá de matar a minha própria filha." A ré negou qualquer forma de agressão física à filha, declarando que suas correções se limitavam a "palmadas" e colocar a criança de castigo. Afirmou, também, que intervinha nas agressões de Christian contra Sophia e seu próprio filho, resultando em violência contra ela.
Quanto ao crime de abuso sexual, Stephanie assegurou que nunca notou sinais de que Christian cometia tais atos contra a filha, somente percebendo algo estranho no dia do falecimento da criança. Ao ser confrontada sobre sua omissão e o motivo de não ter denunciado as agressões antes, Stephanie admitiu que tinha medo de Christian, que a ameaçava e a impedia de revelar as agressões.
Christian, por sua vez, adotou uma estratégia de culpar Stephanie durante seu depoimento. O juiz Aluízio Pereira dos Santos chegou a questionar se os dois haviam combinado de acusar um ao outro. Christian, em contraste com a emoção de Stephanie, manteve-se imperturbável, descrevendo-se como "um tanto amigável" e justificando seu desemprego alegando que precisava cuidar das crianças, pois Stephanie não tinha paciência para isso.
Ambos foram confrontados sobre o uso de drogas, com Stephanie admitindo ter consumido entorpecentes a pedido de Christian. Este último, por sua vez, confirmou o uso de cocaína e maconha, alegando que era esporádico.
O pai biológico de Sophia, Jean Ocampos, expressou sua frustração com o processo, destacando a falta de voz da filha no tribunal. Jean considerou o relatório do Gaeco, que expôs mensagens de Christian e Stephanie, como um impacto doloroso, evidenciando a violência dos acusados.
