A Boibras Indústria e Comércio de Carnes, localizada em São Gabriel do Oeste (MS), solicitou recuperação judicial devido à grave crise financeira enfrentada pelo grupo. O pedido de serviços foi submetido à Justiça, porém, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da Vara Regional de Falências e Recuperações Judiciais, negou a solicitação, argumentando que a medida poderia indicar a incapacidade do grupo em superar a crise.
A defesa do frigorífico alega que a crise financeira teve início durante a pandemia da covid-19 em 2021 e se agravou com a concentração das vendas de carne nos supermercados. Enquanto até os anos 80, 80% das vendas eram realizadas em açougues, em 2010, esse percentual caiu para 50%. Atualmente, 80% da carne comercializada no país é vendida nos supermercados.
Outro fator que contribui para a crise é a alta taxa de juros do país, segundo os advogados do frigorífico. Atualmente, o Banco Central mantém a taxa Selic em 13,75%. Nesta quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) deve anunciar a primeira redução na taxa de juros, o que impacta diretamente nos custos de aquisição do gado, principalmente em épocas de baixa no preço da arroba. A arroba do boi gordo está em torno de R$ 240 em Mato Grosso do Sul, após ter alcançado R$ 305.
A dívida do grupo em 2022 chegava a cerca de R$ 194 milhões, sendo R$ 86,5 milhões com fornecedores, R$ 54,7 milhões com pecuaristas pessoas físicas, R$ 52 milhões em tributos e R$ 10,8 milhões em empréstimos. No ano passado, a empresa teve um prejuízo de R$ 3,4 milhões.
Fundado em 2003 pelos sócios Comarella, o frigorífico é responsável pela geração de 400 empregos diretos, possui forte atuação em São Gabriel do Oeste e exporta carne e subprodutos para diversos países. Seu faturamento atingiu R$ 640 milhões no ano passado. A empresa enfrenta desafios diante do cenário econômico e busca reestruturar suas finanças por meio do pedido de recuperação judicial.
