quinta, 19 setembro 2024

04/09/2023 08:07

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Espiritualidade 15

Começamos o mês de setembro, reconhecido entre os católicos como o mês da Bíblia e, para todos os brasileiros, iniciando-se com a semana da pátria, lembrando o fato da independência do governo de Portugal, e também o início da primavera.

Começamos o mês de setembro, reconhecido entre os católicos como o mês da Bíblia e, para todos os brasileiros, iniciando-se com a semana da pátria, lembrando o fato da independência do governo de Portugal, e também o início da primavera.

O que essas três realidades pode ter em comum e o que isso pode relacionar-se com a espiritualidade?

Podemos começar pela semana da pátria, que é uma realidade de todos nós brasileiros e estrangeiros que vivem aqui. Porque vivemos neste espaço chamado Brasil, cantado como um país “abençoado por Deus e bonito por natureza”, somos pessoas unidas por um conjunto de direitos e deveres, somos cidadãos, isto é, participamos da mesma cidadania. Entre os direitos que nos garante a Constituição Federal, estão o direito à educação, saúde, moradia, alimentação, segurança e liberdade de expressão. Exercer esses direitos nem sempre é realidade para todos, porque nem todos podem participar igualmente da sociedade civil.

Quem cresce em espiritualidade, unindo fé e vida, pode perguntar-se: por que isso acontece? Precisamente porque nem todos são coerentes. A grande maioria é cristã, tem a Bíblia como melhor fonte de sua espiritualidade, mas não age conforme seus preceitos de amor ao próximo, que transforma a sociedade para melhor. Esse comportamento gera desigualdade, provoca conflitos, cria preconceitos que nos afastam da harmonia desejada.

Seria maravilhoso começar a primavera tomando atitudes que mostrem o respeito à natureza. Pode-se perceber o desrespeito “nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos”, conforme denúncia do Papa Francisco (Laudato Si’,2) ao mesmo tempo que propõe esforços que garantam a vida na nossa “casa comum”. Convida a agir em favor de uma ecologia global, uma ecologia humana. Toda a encíclica, inspirada em São Francisco de Assis, é um convite a viver a conversão. Ele aponta os erros da humanidade, enraizados na política e na economia, mas no capítulo VI podemos ver que o pensamento do Papa não é de uma tristeza conformada com a degradação do ambiente. O último capítulo fala precisamente da espiritualidade ecológica. Ali ele nos lembra que cuidar da natureza faz parte de um estilo de vida. Se temos um jeito de viver na presença do espírito, se o nosso coração está cheio de bondade não corremos o risco de cair num consumismo desenfreado, porque “quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir”.

E para confirmar que cidadania tem muito a ver com espiritualidade bíblica, terminamos com o texto da encíclica:

“Mas nem tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de tocar o fundo da degradação, podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se, para além de qualquer condicionalismo psicológico e social que lhes seja imposto. São capazes de se olhar a si mesmos com honestidade, externar o próprio pesar e encetar caminhos novos rumo à verdadeira liberdade. Não há sistemas que anulem, por completo, a abertura ao bem, à verdade e à beleza, nem a capacidade de reagir que Deus continua a animar no mais fundo dos nossos corações. A cada pessoa deste mundo, peço para não esquecer esta sua dignidade que ninguém tem o direito de lhe tirar” (LS 205).

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