Estamos o início da primavera e já aconteceram diversos problemas com o descontrole do clima, chuvas intensas no sul, provocando enchentes e centenas de desabrigados, casas destruídas e muitos estragos; aqui no centro-oeste um calor fora do normal para a época.
É a natureza mostrando seu descontentamento com as agressões que sofre há muito tempo. Isso nos chama a refletir sobre nossa relação com a criação.
Há bastante tempo alguns ecologistas têm feito alertas, chamando atenção sobre o aquecimento do planeta. Desde 2015 o Papa Francisco, com a Encíclica Laudato Si’ vem apontando para a necessidade de cuidar de nossa casa comum. Toda a criação é a casa que Deus preparou para nós. Antes de criar o ser humano, criou o lugar habitável, com água em abundância, terras cultiváveis, florestas, animais que nos servem como alimento ou prazer. Toda a natureza mereceu o cuidado de Deus que como uma mãe prepara o enxoval do filhinho que vai nascer, arruma o quarto e o bercinho para recebê-lo.
Todo o cuidado de Deus não pode ser desprezado, agora chegou a hora de nós agradecermos o que recebemos pronto para continuar a poder usufruir sem exterminar.
Se até agora pouco nos preocupamos em preservar o que Deus nos deu, precisamos mudar de atitude em relação aos bens naturais, que estão sendo prejudicados pela poluição, pelo desperdício por uns e carência para outros. O comportamento que transforma a água, o ar e o sol em fonte de lucro provoca uma grande desigualdade entre as pessoas.
Cada pessoa pode examinar suas atitudes e se perguntar: estou sendo grato a Deus por tudo o que ele preparou para nosso bem viver na terra? Como eu demonstro minha gratidão? Preservo o que nos foi dado gratuitamente? Considero que a natureza preservada é um bem de todos e não só de alguns?
Citando o Patriarca Bartolomeu, o Papa Francisco propõe “passar do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à capacidade de partilha, [...] É um modo de amar, de passar pouco a pouco do que eu quero para aquilo que o mundo de Deus precisa” (LS,9).
Pensemos nisso e saibamos que poderemos ter ainda muitas primaveras agradáveis.