O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou ontem a primeira reunião do ano para deliberar sobre a taxa básica de juros, a Selic. A expectativa do mercado é de que a redução da taxa continue, marcando a quinta queda consecutiva desde agosto de 2023. A previsão é de um corte de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 11,25% ao ano, o que representaria o patamar mais baixo em quase dois anos.
A trajetória de redução teve início em agosto de 2023, após um ciclo de 12 altas consecutivas que se estendeu de março de 2021 a agosto de 2022. Este período de elevação nos juros foi uma resposta a aumentos nos preços de alimentos, energia e combustíveis. A Selic ficou congelada em 13,75% até agosto do ano passado, quando o ciclo de cortes teve início.
Antes desse ciclo de alta, a Selic chegou a ser reduzida a 2% ao ano, como medida para lidar com a contração econômica resultante da pandemia de Covid-19.
O mercado, conforme indicado pelo boletim Focus divulgado nesta terça-feira, espera que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine 2024 em 3,81%, ligeiramente abaixo das previsões anteriores. Analistas apontam para uma tendência de convergência na queda dos juros, considerando uma inflação controlada e uma atividade econômica desacelerada.
Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, destaca a importância de observar a questão fiscal e expressa a preocupação quanto ao déficit público, mesmo que menor que em 2023. Vale enfatiza a necessidade de encontrar novas fontes de arrecadação e aborda a política industrial que, apesar de não implicar em gastos diretos, pode representar riscos.
Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, ressalta a pressão persistente sobre a inflação no setor de serviços, o que, segundo ele, limita o espaço para cortes de juros diferentes de 0,50 ponto percentual nesta fase. Ele projeta que a Selic atingirá 9,25% até o final do ano, com cortes possivelmente retomados apenas em 2025.
André Perfeito, economista, concorda com a previsão de corte de 0,50 ponto percentual, considerando a dinâmica de curto prazo da inflação. No entanto, ele aponta para um limite nos cortes, prevendo que a Selic encerrará 2024 em 9,75% ao ano, acima das projeções do Focus.
Apesar das projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, há uma crescente preocupação fiscal que pode influenciar a trajetória dos juros. Os analistas ressaltam a necessidade de observar de perto os desdobramentos econômicos e fiscais à medida que o país busca equilibrar o estímulo à atividade econômica com a responsabilidade fiscal.
O mercado aguarda ansiosamente o anúncio do Copom nesta quarta-feira, em um contexto marcado pela convergência de interesses entre a política monetária e as demandas fiscais, enquanto a economia brasileira busca consolidar sua recuperação.(Com inf da FolhaPress)
