sábado, 21 setembro 2024

Economia

03/01/2024 09:00

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El Niño pode impulsionar alta nos preços de alimentos em 2024

Economistas alertam para a possível elevação nos preços de alimentos consumidos em casa, impactando principalmente as famílias de menor renda.

Atualizado: 03/01/2024 09:35

Redação

Após um cenário de deflação nos preços dos alimentos em casa ao longo de 2023, o Brasil se prepara para enfrentar uma possível alta em 2024, influenciada pelo fenômeno climático El Niño. Economistas preveem que, embora não tão intensa quanto nos anos anteriores, essa elevação pode representar um desafio para o orçamento dos consumidores, especialmente os mais vulneráveis.

O economista André Braz, do FGV Ibre, destaca que o El Niño já está provocando alterações climáticas, o que é desfavorável para a agricultura. O receio é que o fenômeno possa impactar safras, causando atrasos no plantio ou colheita. Isso, por sua vez, poderia influenciar as cotações de commodities como soja e milho no mercado internacional, afetando diretamente os preços dos alimentos consumidos diariamente.

No acumulado de 12 meses até novembro de 2023, a alimentação no domicílio registrou uma queda de 1,14%. No entanto, a projeção para dezembro aponta para uma deflação de 0,93%, segundo Braz. Para o ano de 2024, a estimativa é uma alta de 3,9%.

O Santander projeta queda de 1,3% para a alimentação no domicílio em 2023, com uma expectativa de alta de 3,8% em 2024. O economista Adriano Valladão, do Santander, destaca que o efeito do El Niño ainda será sentido no início de 2024, com possível impacto nos preços das carnes, que tiveram queda em 2023.

Apesar das preocupações com o possível aumento nos preços dos alimentos em 2024, os economistas destacam que a situação é mais controlada em comparação com os anos anteriores. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, projeta uma inflação de 4,9% para a alimentação no domicílio em 2024, apontando a questão como um vetor de alerta para o Banco Central.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) já indicou um aumento do impacto do El Niño sobre a inflação dos alimentos em suas projeções. A persistência do fenômeno climático até abril de 2024, segundo a OMM, aumenta a probabilidade de influenciar os preços agrícolas no Brasil.

Em 2023, a safra agrícola ampliada e a redução de alguns custos produtivos ajudaram a conter os preços dos alimentos no país. No entanto, a possível volta da pressão inflacionária em 2024, principalmente nos alimentos, coloca as famílias mais pobres novamente sob o radar das preocupações econômicas. A definição do cenário dependerá do comportamento do El Niño nos próximos meses. ( com onf da Folha Press)

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