O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de abril registrou um aumento de apenas 0,21%, ficando abaixo das expectativas de mercado que apontavam para 0,29%. Este resultado, que surpreendeu por sua natureza mais amena, sustenta a possibilidade de um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, apesar de um recente aumento nas especulações de uma redução mais modesta de 0,25 ponto.
A composição do índice, com uma desaceleração tanto nos serviços subjacentes quanto na média dos núcleos inflacionários, reforça essa perspectiva. Os serviços subjacentes passaram de 0,40% para 0,38%, e a média dos núcleos reduziu de 0,23% para 0,19%, ambos abaixo das medianas do mercado de 0,41% e 0,25%, respectivamente.
Especialistas como William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, interpretam os dados como um sinal verde para uma ação mais agressiva do Banco Central. “A inflação menor que a esperada e o alívio nas pressões sobre preços subjacentes podem fornecer ao Copom o espaço necessário para reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual,” explicou Jackson em relatório recente.
Porém, apesar das projeções otimistas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem ressaltado a importância de uma abordagem cautelosa, indicando que o 'forward guidance' do Copom é flexível e dependente dos dados. A inflação de serviços, em especial, continua a preocupar analistas devido à sua persistência acima das metas, o que pode complicar o cenário de convergência inflacionária.
Outros especialistas, como João Fernandes, economista da Quantitas, e Igor Cadilhac, do PicPay, apontam para uma desaceleração mais cautelosa dos cortes na Selic, sugerindo uma redução de 0,25 ponto já em maio, seguida por cortes similares nos próximos meses, refletindo uma abordagem mais gradualista diante das incertezas que ainda permeiam a economia brasileira.
A decisão do Copom será crucial para determinar o caminho da política monetária em um ambiente de inflação moderada, mas com desafios significativos no horizonte. (Com inf. do Estadão)
