A crescente deflação global, impulsionada pela China, repercute nos preços de bens no Brasil. A competitividade dos produtos chineses, já elevada, intensificou-se, dificultando aumentos de preços pelos concorrentes ao redor do mundo. No Brasil, essa influência chinesa adiciona-se à tendência de queda da inflação de bens de consumo, impulsionada por fatores como crédito caro, estabilidade cambial e normalização da oferta.
De acordo com a Warren Investimentos, a inflação de bens industriais atingiu 1,09% em 2023, registrando a menor taxa em cinco anos. Em alguns meses, como junho, setembro e novembro, ocorreu deflação. Itens como eletrodomésticos, eletrônicos, vestuário, pneus e bicicletas ficaram mais baratos ao longo do ano passado.
A China exerce uma influência significativa, não apenas como concorrente direta em produtos finais, mas também como grande fornecedora de insumos utilizados por diversas indústrias. A queda nos preços cobrados pelos produtores chineses (PPI) contribui para aliviar os custos dos produtos nacionais brasileiros. A expectativa é que a inflação de bens continue desacelerando no curto prazo.
Entretanto, analistas destacam que a contribuição chinesa nas políticas monetárias pode ser limitada, uma vez que os bancos centrais estão mais focados na inflação de serviços, determinada por variáveis domésticas. Embora a China desempenhe um papel na desinflação global de bens, fatores como a geopolítica e riscos de ruptura nas relações internacionais podem limitar reduções mais expressivas nos preços dos produtos.