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13/05/2023 20:28

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Novo ensino médio gera polêmica entre educadores e estudantes de MS

O novo ensino médio apresenta mudanças na grade curricular, ofertando disciplinas optativas em todas as escolas do país.

Atualizado: 15/05/2023 16:01

Redação

Em vigor desde 2022 e com previsão de implantação em todas as salas de aula até 2024, o Novo Ensino Médio está dividindo a opinião de educadores. Por um lado, alguns defendem que a reforma vai ampliar as diferenças entre o ensino público e o privado. Por outro lado, também existe a avaliação de que a reforma é "necessária e positiva", e que vai tornar o ensino médio mais atrativo, com mais possibilidades de aprendizagem.

Em Mato Grosso do Sul, uma audiência pública por proposição da Assembleia Legislativa, através do deputado estadual Pedro Kemp (PT), com representantes da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de MS), parlamentares e representantes de diversos segmentos da educação foi realizada para discutir a revogação do chamado Novo Ensino Médio. O evento aconteceu no Teatro Dom Bosco, em Campo Grande.

O novo ensino médio apresenta mudanças na grade curricular, ofertando disciplinas optativas em todas as escolas do país. A medida é criticada por diversas escolas, professores e alunos. Ao fim da audiência, foi aprovado manifesto pela revogação da Lei Federal 13.415/2017, que instituiu a medida. Pelo novo modelo obrigatório do ensino médio, que abrange todas as escolas públicas e privadas do país, o aumento progressivo da carga horária, que antes era de 2.400 horas-aula ao fim dos três anos, agora abrange 3 mil horas. Desde 2022, as disciplinas tradicionais passaram a ser agrupadas em áreas do conhecimento, fazendo com que cada aluno montasse seu próprio ensino médio, escolhendo os itinerários formativos.

De acordo com o deputado Pedro Kemp, a reforma do novo ensino médio não teve a participação da comunidade escolar e precisa ser revogada. “Nós tivemos um empobrecimento no ensino médio. O que tentaram fazer foi a profissionalização dos nossos jovens para que sejam uma mão de obra barata. É uma reforma que interessa apenas aos empresários, que querem o jovem só para apertar o botão da máquina. E o que nós queremos? Queremos um ensino médio que ofereça uma formação sólida aos estudantes", destacou o parlamentar.

Para Monica Ribeiro da Silva, professora doutora em Educação da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que participou por videoconferência, considerar apenas Língua Portuguesa e Matemática como obrigatórias diminui a carga horária das outras disciplinas e afeta a formação científica integral dos estudantes.  “A redução, em média de 30%, da carga horária das disciplinas da formação geral básica para incluir no currículo as chamadas eletivas é outro aspecto negativo”, pontuou.

Conforme Heleno Araújo, presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), “a maneira com que o novo ensino médio vem sendo implantado quebra todo o processo de discussão e de debate sobre o que os jovens realmente precisam dentro de nossas escolas”. De acordo com ele, o processo deveria ter participação social com foco na formação integral dos estudantes e com estímulo à solidariedade, porém, é observado, segundo ele, que a medida é fruto de concepção gerencialista, com foco no resultado e que estimula a competição, sendo que essa atmosfera acaba gerando evasão por parte dos alunos mais fracos, principalmente os mais pobres, que precisam trabalhar para ajudar no sustento da família.

 Alguns estudantes também criticam o Novo Modelo. Na primeira audiência realizada no Estado, em Campo Grande, no dia 12 de março, alguns explanaram sua opinião e   afirmaram que a sensação é de que a escola não está nem se preparando para o mercado de trabalho nem para a universidade. O estudante, Lucas Vinicius da Silva Ávila, definiu como desesperadora a situação da educação.

Manifesto – O manifesto pedindo a revogação do novo Ensino Médio foi encaminhado ao Ministério da Educação, e reúne seis tópicos com os motivos de discordância à normativa: retomada do "modelo arcaico de segmentação (dicotomia) entre a formação geral e os itinerários formativos”; restrição da "parte universal do currículo, voltada para a formação humanística e cidadã dos estudantes, a apenas 1.800 horas"; não garantia da "livre escolha dos/as estudantes aos itinerários formativos"; fomento da "privatização de parte expressiva do currículo escolar"; estímulo à evasão escolar; e rebaixamento do "trabalho pedagógico escolar e da profissionalidade de professores/as e funcionários/as da educação".

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