sexta, 20 setembro 2024

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Conflito fundiário em Douradina deixa 6 feridos em novo confronto

Clima de tensão aumenta na área de Panambi-Lagoa Rica após novos episódios de violência entre indígenas e fazendeiros

Atualizado: há 1 mês

Redação

Um novo confronto entre indígenas e fazendeiros em Douradina, MS, deixou seis pessoas feridas na noite de domingo (4) e na madrugada de segunda-feira (5). O embate ocorreu na área de Panambi-Lagoa Rica, uma região marcada por intensos conflitos fundiários.

Os feridos incluem cinco produtores rurais e um indígena, todos com lesões superficiais. A situação se agrava ao total de 11 feridos desde o início dos conflitos. No sábado (3), cinco indígenas da etnia guarani kaiowá foram atingidos por tiros de armas letais e munição de borracha, sendo que um deles ainda está internado no Hospital da Vida, em Dourados, para avaliação neurológica.

A Força Nacional, o Batalhão de Choque e a Polícia Militar estão no local para monitorar e controlar a situação. O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que as forças de segurança estão de prontidão e a situação está sob controle no momento.

O conflito teve início em 13 de julho, quando um indígena foi ferido por uma bala de borracha. Desde então, tentativas de mediação não resultaram em acordo. A tensão escalou na sexta-feira (2) com um mecânico preso em um bloqueio indígena, o que levou a uma intervenção das autoridades, resolvida pacificamente. No sábado (3), fazendeiros invadiram o acampamento indígena após alegações de que os indígenas teriam iniciado um incêndio na vegetação de uma propriedade rural.

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal estão investigando o uso de armas letais e brancas durante os confrontos. O MPF confirmou a apuração de possíveis infrações penais, incluindo um ferido grave por arma de fogo, possivelmente um revólver.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou ameaças a indígenas por supostos capangas armados. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) destacou que a área em disputa é reconhecida como ancestral desde 2011, mas o processo de demarcação está paralisado devido a ações judiciais. O MPI confirmou ferimentos recentes em dois indígenas por munição de borracha e reafirmou que a área já foi identificada como de ocupação tradicional.

As autoridades continuam a trabalhar para evitar mais violência e buscar uma resolução para o conflito fundiário. ( Com  inf do G1)

Nota do MPF na íntegra:

"O Ministério Público Federal (MPF) vai instaurar Inquérito Policial (IPL) para apurar eventuais infrações penais ocorridas durante o conflito entre indígenas Guarani Kaiowá e produtores rurais da região. Equipes do MPF foram até a comunidade indígena Panambi Lagoa Rica, no município de Douradina (MS), para coletar informações detalhadas sobre o ocorrido.

No local, o MPF conversou com as partes envolvidas – indígenas e produtores rurais – e realizou uma análise pericial na área, coletando projéteis, incluindo balas de borracha. O confronto, cujas circunstâncias ainda estão sendo apuradas, resultou em seis pessoas feridas, uma delas com gravidade. Entre os feridos, uma pessoa foi atingida por uma arma letal, possivelmente um revólver, cujo calibre está em processo de identificação.

Há relatos conflitantes sobre o incidente. Os indígenas afirmam que foram provocados pelos fazendeiros, enquanto os produtores rurais alegam que houve um avanço dos indígenas além da área previamente acordada.

A situação está sob controle, e o MPF espera que o governo federal intervenha para solucionar a questão da demarcação de terras, visando uma resolução pacífica e definitiva do conflito".

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