Agropecuária

Produtores rurais fazem fogueira para proteger o gado do frio intenso

A baixa temperatura que atinge todo MS desde o início da semana já vitimou mais de mil cabeças de gado. De acordo com especialistas, a morte dos animais está atrelada a uma severa hipotermia. 

18 JUN 2023 • POR Redação • 08h00
Divulgação redes sociais

Um vídeo com várias novilhas, em círculos espalhados no mangueiro entorno das brasas de fogueira improvisadas por um produtor rural vêm repercutindo muito nas redes sociais nos últimos dias.  A medida vêm sendo tomada  por vários fazendeiros para proteger os animais do frio intenso que atinge todo o Mato Grosso do Sul desde o início da semana, vitimando mais de mil cabeças de gado atrelada a uma severa hipotermia. 

Com as baixas temperaturas, média de 6°C e 11°C, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) estima que o prejuízo tenha sido de mais de R$ 3 milhões para os produtores rurais. A maior parte das mortes ocorreram principalmente na região da Nhecolândia, no Pantanal Sul-mato-grossense, onde foram registradas sensação térmica abaixo de zero. Equipes da Iagro estão percorrendo as propriedades onde há suspeitas de morte por condições climáticas.

O diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, explica que o gado é mais adaptável ao clima quente e a queda brusca de temperatura deixa os animais mais expostos. Segundo Ingold , a maior parte das mortes ocorreu em locais com menos oferta de pasto e ausência de abrigos naturais ou até mesmo artificiais.  "O que aconteceu agora é uma inversão. Os animais que estão com o corpo quente estiveram expostos a uma temperatura muito baixa. Com umidade elevada, vento e frio, fica mais difícil dos animais resistirem", disse

O especialista ainda complementa que a hipotermia no gado segue a mesma explicação da hipotermia nos humanos. Os animais ficam expostos a baixas temperaturas e acabam morrendo.

Conforme mapeamento da Iagro, no Mato Grosso do Sul, a maior concentração de gado morto é na região do Pantanal. Dos mais de mil animais mortos, cerca de 600 morreram na área do bioma. Isso porque segundo a Iagro, no Pantanal a exposição dos animais ao frio é muito maior, devido a região estar em época de cheia, e ser uma planície com poucos abrigos naturais, ou seja, por ser um campo aberto, a umidade aumenta e o vento fica cada vez mais frio.

Frio causa morte de animais, vale o alerta! – A Iagro e a Embrapa fazem um alerta. “O animal que morre de hipotermia, não pode ser comercializado. O animal tem que ser cremado ou enterrado".

Não é de hoje que a Embrapa chama atenção para a importância de se adotar boas práticas agropecuárias, a única maneira de se alcançar uma pecuária mais sustentável, econômica, social e ambientalmente correta. Conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, notícias como a de mortes de bovinos por hipotermia nas regiões nordeste e sul de Mato Grosso do Sul, não são incomuns, mas não devem ser aceitáveis nos dias de hoje. 

Há pelo menos 15 anos o Estado registra ocorrências de perda de gado, numa média de quase dois surtos por ano, envolvendo um número considerável de animais mortos por hipotermia. Os dois maiores surtos registrados em Mato Grosso do Sul são de 10 mil animais no ano de 2000 e de três mil em 2010.

Para o difusor de tecnologia da Embrapa Gado de Corte Haroldo Pires de Queiroz as mortes dos animais estão associadas a uma série de fatores. A falta de abrigo agravada pela queda de temperatura e umidade em excesso, uma das principais causas, mas a situação nutricional do animal também impacta. Ou seja, os animais morrem por conta da perda excessiva de calor ou produção insuficiente, em combinação com o tempo frio e exposição aos ventos e fortes chuvas.