Clima desafia a safra de grãos em Mato Grosso do Sul e no Brasil
IBGE aponta previsões preocupantes para a produção agrícola de 2024
9 NOV 2023 • POR Redação • 12h12Um recente levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (09), apontou desafios significativos para a produção de grãos, cereais e leguminosas em Mato Grosso do Sul e em todo o Brasil no próximo ano. O estudo revelou que o estado sul-mato-grossense poderá enfrentar uma queda de 7,4% na safra de 2024, com as condições climáticas desempenhando um papel central nessa estimativa.
Segundo o IBGE, essa tendência de redução também se estende a outros estados do país, com destaque para o Rio Grande do Sul, que, surpreendentemente, espera um aumento de 41,2% na produção. Por outro lado, estados como o Pará (-10,7%), Paraná (-9,6%), Mato Grosso (-8,1%), e Santa Catarina (-7,8%) também enfrentam previsões pessimistas.
A queda na produção nacional de grãos, cereais e leguminosas em 2024 é estimada em 2,8% em relação a 2023, o que equivale a uma diminuição de aproximadamente 8,8 milhões de toneladas. Essa redução é atribuída principalmente à diminuição na produção de soja, com quase dois milhões de toneladas a menos, influenciada por variações climáticas, que incluem excesso de chuva no Sul e seca no Norte.
Apesar dessa previsão de queda na produção de soja, o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, Carlos Barradas, acredita que a próxima safra deverá ser "muito boa" para o Brasil, com uma produção estimada de aproximadamente 150 milhões de toneladas.
No entanto, o maior impacto negativo é esperado na safra de milho, que pode sofrer uma redução de 5,6%, equivalente a 7.331.066 toneladas a menos. É importante ressaltar que, em comparação a 2023, que registrou uma safra recorde, a previsão para 2024 possui uma base de comparação relativamente elevada.
Em relação às condições climáticas, as chuvas variaram amplamente em outubro, com municípios no Sul recebendo até 300 milímetros de chuva, enquanto no Norte, a precipitação não passou de 50 mm. Essa disparidade pode ser exemplificada por cidades como Mundo Novo, que teve um acumulado mensal de chuva 110% acima da média histórica, e Rio Verde de Mato Grosso, com apenas 82% da média histórica.
Além disso, as previsões climáticas para o próximo trimestre indicam que as chuvas no centro-norte de Mato Grosso do Sul ficarão ligeiramente abaixo da média, enquanto na região extrema sul haverá um cenário oposto. A probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño atinge 100%, com sua intensidade mais forte prevista para o período entre novembro deste ano e janeiro de 2024, o que pode acarretar em altas temperaturas e uma nova onda de calor no estado.