Discussões: Câmeras corporais ganham força após centésima morte em intervenção policial em MS

Secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul avalia a implementação de câmeras corporais, enquanto o estado enfrenta recorde de letalidade policial em 2023

Na marca de 100 mortes em decorrência de intervenção policial em Mato Grosso do Sul neste ano, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, iniciou discussões sobre a possível implementação de câmeras corporais para os policiais do estado.

A centésima fatalidade ocorreu na madrugada da última sexta-feira (10) em Campo Grande, durante um confronto entre um homem de 22 anos e a polícia. O episódio envolveu um flagrante de furto e resultou na morte do suspeito, além de um segundo invasor ferido e um terceiro detido. No local, foram apreendidos dois revólveres.

A agenda do secretário incluiu uma reunião em Brasília, no dia 7, com o secretário Nacional da Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp/MJSP), Tadeu Alencar, e o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), Sandro Caron. Entre os temas discutidos estava a padronização do uso de câmeras corporais pelas forças de segurança em todo o país.

Antônio Carlos Videira tem afirmado que Mato Grosso do Sul adotaria essa tecnologia somente se todas as forças policiais brasileiras também o fizessem. A reunião contou com a participação de secretários de segurança do Ceará, Santa Catarina e Pará, destacando a necessidade de regulamentação, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, do uso de câmeras corporais para garantir a padronização nacional.

O secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, destacou a intenção de "fortalecer a segurança pública dos brasileiros" durante a reunião, segundo nota divulgada pela Sejusp.

O ano de 2023 tem sido marcado pelo recorde de letalidade policial em Mato Grosso do Sul, superando os números de 2021 e 2022 somados. Em comparação, dados de São Paulo indicam que a adoção de câmeras corporais pela Polícia Militar resultou em uma redução significativa de 61% nas mortes decorrentes de intervenção policial em 2022, registrando o menor número em duas décadas.

As câmeras, implementadas inicialmente em agosto de 2020 e ampliadas ao longo de 2021, fazem parte da rotina de 179 unidades policiais e 66 dos 134 batalhões da PM em São Paulo, com mais de 10 mil equipamentos corporais em uso no estado vizinho.