Meio Ambiente

Seca sem precedentes no Pantanal pode levar a declaração de emergência hídrica

Relatório da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico destaca redução crítica nos níveis do Rio Paraguai, com impactos severos na navegação e abastecimento.

9 MAI 2024 • POR Redação • 09h34
Reprodução

Pela primeira vez, o Pantanal enfrenta uma declaração oficial de seca pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Um relatório recente da agência apontou que a ausência de chuvas significativas nos últimos seis meses teve um impacto severo sobre a bacia do Rio Paraguai, afetando diretamente o ecossistema e as atividades econômicas da região, incluindo a navegação e o abastecimento de água.

De acordo com o documento, a bacia do Rio Paraguai registrou as menores alturas de água da história recente em várias estações de monitoramento, levando a uma recomendação de declaração de escassez hídrica até o final de outubro de 2024, com a possibilidade de extensão dependendo das condições climáticas futuras.

Desde 2020, a ANA vem monitorando de perto a situação através da Sala de Crise do Pantanal, envolvendo diversos órgãos federais e setoriais. Este monitoramento intensificado veio em resposta ao recorde de queimadas na região, exacerbando ainda mais a vulnerabilidade do bioma.

A ANA destacou que, mesmo que a seca não seja devida à falta total de água, as baixas cotas dos rios já estão afetando as captações para abastecimento em cidades como Corumbá, MS. Medidas mitigatórias sugeridas incluem a adaptação das infraestruturas de captação, com a instalação de bombas flutuantes e o prolongamento das tubulações.

Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) corroboram a grave situação, indicando uma persistência de "anomalias negativas" de precipitação na região, com um déficit de 29% abaixo da média histórica para o período chuvoso de 2023/2024.

A perspectiva para os próximos meses não é otimista, com previsões climáticas indicando a continuidade de precipitações abaixo da média para a bacia do Alto Paraguai, o que pode resultar em um dos anos mais secos da década.

Este cenário de seca não apenas desafia a gestão dos recursos hídicos, mas também impõe sérios riscos à biodiversidade, ao turismo e às atividades agrícolas e pesqueiras que dependem da saúde do Rio Paraguai e do Pantanal como um todo.