Economia

Clima extremo causa alta nos preços dos alimentos e aumenta inflação no Brasil

Entre os produtos que mais sofreram aumento está a cebola, que registrou uma alta de 92,84% nos últimos 12 meses.

17 MAI 2024 • POR Redação • 11h54
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A combinação de seca no Centro-Oeste e enchentes no Sul do Brasil está provocando um aumento significativo nos preços dos alimentos, impactando diretamente o bolso dos consumidores. A produção de alimentos no país tem sido severamente afetada por esses eventos climáticos, resultando em menor oferta e pressão inflacionária nos supermercados.

Entre os produtos que mais sofreram aumento está a cebola, que registrou uma alta de 92,84% nos últimos 12 meses. Este cenário é consequência direta das condições climáticas adversas que reduziram a produção agrícola e aumentaram os custos.

Efeitos das intempéries no Pantanal e no Sul

Mato Grosso do Sul, pela primeira vez na história, enfrenta uma seca no Pantanal, com o nível do Rio Paraguai medido em apenas 1,44 metro na régua de Ladário. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraguai.

No Rio Grande do Sul, o excesso de chuvas tem causado enchentes que afetam a produção de arroz e outros alimentos essenciais. Michel Constantino, doutor em Economia, ressalta que as variações climáticas extremas, como essas, impactam imediatamente os preços devido à realização de estoques oportunistas e, a médio prazo, pela necessidade de importação para suprir a menor oferta.

Queda na produção agrícola

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma quebra de 20,1% na produção agrícola de Mato Grosso do Sul para a safra 2023/2024, com estimativa de 22,416 milhões de toneladas, comparadas às 28,050 milhões de toneladas do ciclo anterior. Além disso, pragas na citricultura do Sudeste e as enchentes no Sul estão diminuindo a produção de laranja, limão e outros cítricos, agravando a escassez de alimentos.

Impacto nos preços ao consumidor

Economistas explicam que a redução na oferta de alimentos leva a um aumento na demanda e consequente alta nos preços. “Produtos derivados de soja e milho, fundamentais na indústria alimentícia e na produção de ração animal, sofrerão aumentos que serão sentidos diretamente pelos consumidores”, concluem

Der acordo com Staney Barbosa Melo, economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG),  as adversidades climáticas reduzem a produtividade das lavouras, elevando os preços dos alimentos desde o campo até o consumidor final. Eduardo Matos acrescenta que a crise climática prejudica toda a cadeia produtiva, resultando em elevações de custo generalizadas.

Projeções inflacionárias

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já indica uma alta nos preços dos alimentos básicos, com aumentos significativos em tubérculos (27,81%), leguminosas (17,57%), hortaliças (14,26%) e frutas (12,03%).

Um estudo da revista Communications Earth & Environment, realizado por economistas do Banco Central Europeu e da Universidade de Potsdam, prevê que a inflação dos preços dos alimentos pode aumentar entre 0,9 e 3,2 pontos percentuais por ano até 2035, devido às mudanças climáticas. Para o Brasil, a projeção é de uma pressão inflacionária de 1,9% ao ano na próxima década.