Meio Ambiente

Bombeiros de MS intensificam combate ao fogo no Pantanal durante estiagem prolongada

Queimadas já superam em 39%, o pior índice registrado. Em apenas 5 meses, 332 mil hectares foram devastados, ultrapassando os índices de 2021

12 JUN 2024 • POR Redação • 08h59
Reprodução (CBMMS)

Com focos de incêndios florestais ativos em várias regiões de Mato Grosso do Sul, provocados por uma longa estiagem que deve se prolongar, o Corpo de Bombeiros do Estado iniciou a fase de resposta no combate às chamas como parte da Operação Pantanal 2024. As operações de controle e extinção do fogo também abrangem outros biomas presentes no Estado, como o Cerrado e a Mata Atlântica.

"Iniciamos as ações de prevenção e preparação no dia 2 de abril. Hoje, entramos na fase de resposta, com equipes dedicadas exclusivamente ao combate aos incêndios", explicou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais no Estado.

Operações no Pantanal

No Pantanal, o combate ao fogo é realizado em várias frentes. Em Forte Coimbra, as operações têm sido dificultadas por fortes ventos e vegetação densa, que facilitam a propagação das chamas. As equipes precisaram adotar uma estratégia de combate indireto, utilizando aceiros e monitorando a linha do fogo para controlar a situação.

Em Paraguai Mirim, as equipes monitoram áreas queimadas na propriedade Porto Laranjeira e retornaram à região do Jatobazinho para enfrentar a reignição do incêndio, que apresentou desafios adicionais para combate e rescaldo.

Na região de Porto da Manga, os bombeiros constataram que o foco do incêndio está em uma área de difícil acesso, exigindo a criação de linhas de defesa com maquinários. Em Caimasul, os bombeiros continuam a monitorar áreas com focos ativos, embora controlados.

Desafios da Estiagem Prolongada

Carlos Padovani, doutor em Ciências e pesquisador da Embrapa Pantanal, em Corumbá, explica que o Pantanal vem enfrentando ciclos de estiagem cada vez mais severos desde 2018, devido às mudanças climáticas globais. "Em 2023 tivemos um pouco mais de chuva, mas este ano a seca será extrema. A preocupação é que os níveis do rio Paraguai fiquem ainda mais baixos do que em 2020 e 2021", afirmou.

A redução de 30% nas chuvas durante o período chuvoso (de outubro de 2023 a março de 2024) e os níveis baixos dos rios aumentam significativamente o risco de incêndios florestais. "A vegetação está em déficit hídrico, tornando-se combustível fácil para as queimadas", alertou Padovani.

Medidas e Prevenção

O governo de Mato Grosso do Sul tem adotado medidas abrangentes para prevenir e combater os incêndios florestais. "Reconhecemos a necessidade de capacitar pessoal, aumentar o efetivo do Corpo de Bombeiros e incorporar tecnologia para monitoramento e punição de focos criminosos. Além disso, estamos promovendo a educação entre produtores rurais, ribeirinhos e comunidades tradicionais", afirmou Jaime Verruck, secretário da Semadesc.

Com investimentos em tecnologia, equipamentos e capacitação, o governo pretende criar um sistema de prevenção robusto para enfrentar os desafios impostos pela estiagem, protegendo o meio ambiente e a população contra os incêndios florestais.