Rural

Influência do La Niña pode causar mais prejuízos na produção agrícola de MS

Safra de grãos 2023/2024 já tem quebra estimada em 25%, conforme levantamento da Conab

18 JUN 2024 • POR Redação • 09h19
Reprodução (Sou Agro)

A produção agrícola em Mato Grosso do Sul, já impactada pelos efeitos do El Niño, pode enfrentar novos desafios climáticos nos próximos meses devido à provável ocorrência do fenômeno La Niña. Segundo agrometeorologistas da Embrapa, este evento climático, que altera padrões de temperatura e precipitação, afetará a próxima safra de soja e a pecuária a partir do segundo semestre. O resfriamento das águas do Oceano Pacífico, característica do La Niña, já está em andamento, de acordo com modelos meteorológicos.

A fase de neutralidade climática, que começou em meados de maio após a dissipação do El Niño, tem 83% de probabilidade de continuidade. No entanto, para agosto e setembro, a probabilidade de ocorrência do La Niña é superior a 49%. Isso pode impactar a cultura do milho devido a adversidades climáticas como chuvas abaixo da média, granizo, geadas e baixas temperaturas. O clima tem sido um grande desafio para os produtores rurais brasileiros nos últimos anos, com o El Niño entre junho de 2023 e abril de 2024, marcado por bloqueios atmosféricos e ondas de calor, resultando em escassez hídrica significativa.

Apesar da atual neutralidade climática, não se espera que ela perdure. Projeções indicam que o La Niña se estabelecerá no próximo mês, o que pode resultar em secas severas na região sul do Brasil. Em Mato Grosso do Sul, enfrenta -se na versão atenuada desses impactos, mas ainda assim desafiadora, especialmente com os recordes de altas temperaturas registrados nos últimos meses.

O plantio da soja, previsto para setembro, pode ser afetado pela extensão do período seco até novembro, o que pode levar ao adiamento do plantio ou a riscos de perdas de produtividade nas áreas semeadas inicialmente. Os efeitos do El Niño ainda estão sendo sentidos e já há estimativas de grandes prejuízos. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a quebra na produção agrícola é projetada em 25%, com a produção de Mato Grosso do Sul caindo de 28 milhões de toneladas na safra 2022/2023 para 21 milhões de toneladas na safra 2023/2024.

Dados da Conab indicam que a área destinada ao cultivo de milho no Estado está estimada em 2 milhões de hectares, uma redução de 7,4% em comparação com o ciclo anterior. Esta diminuição reflete ajustes nas condições de plantio e nas projeções de produção, influenciadas por fatores climáticos e econômicos. A produtividade também está projetada para cair, passando de 5,7 mil toneladas por hectare no ciclo anterior para 4,2 mil toneladas, uma queda de 25,9%. A produção de milho deve cair de 13,1 milhões de toneladas no ciclo anterior para 8,9 milhões de toneladas na safra 2023/2024, uma quebra prevista de 31,4%. No entanto, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS) estima uma produção de 11,4 milhões de toneladas para a safrinha, uma previsão mais otimista.