Conflito de terras em MS: MPF tenta mediar acordo entre produtores rurais e indígenas
Produtores rejeitam proposta de concessão de terras, enquanto indígenas defendem direitos ancestrais; novas reuniões serão realizadas.
30 JUL 2024 • POR Redação • 08h00O Ministério Público Federal (MPF) está no centro das tentativas de mediar um acordo em um conflito territorial intensificado entre produtores rurais e comunidades indígenas na região de Douradina, Mato Grosso do Sul. O conflito, que envolve disputas por terras reconhecidas como território Guarani Kaiowa desde 2011, tem gerado tensões e impasses significativos.
Reunião para acordoNa última segunda-feira (29), uma reunião crucial foi realizada na sede do MPF em Dourados. Participaram representantes dos produtores rurais e das comunidades indígenas. O objetivo era discutir uma solução viável para a disputa de terras que tem provocado confrontos na região.
O MPF apresentou uma proposta de concessão de terras: produtores rurais que possuem títulos federais de propriedade receberiam novos títulos de terras em outras localidades. A proposta visava realocar os produtores para áreas onde poderiam exercer suas atividades sem conflitos.
Reação das partes envolvidasA proposta, entretanto, não foi aceita por nenhuma das partes. Os produtores rurais expressaram preocupação com a falta de segurança jurídica da medida, temendo que novas invasões de terras pudessem ocorrer mesmo após a realocação. Eles argumentaram que a proposta não oferecia garantias suficientes para suas propriedades e direitos.
Por outro lado, os representantes das comunidades indígenas rejeitaram a solução proposta pelo MPF, considerando-a uma violação dos seus direitos ancestrais sobre as terras. Eles ressaltaram a importância histórica e cultural da região do Panambi, que foi delimitada como território Guarani Kaiowa, e argumentaram que a realocação desrespeitaria esses direitos.
Situação atual e próximos passosAtualmente, quatro propriedades rurais estão ocupadas em Douradina e uma em Caarapó, conforme dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Uma das propriedades em Douradina já teve reintegração de posse determinada pela justiça, mas a decisão está em fase de recurso e não há prazo definido para sua execução.
O MPF informou que novas reuniões serão agendadas na tentativa de alcançar um acordo entre as partes. A situação permanece tensa, e o órgão continua empenhado em buscar uma solução que equilibre os direitos dos produtores rurais e das comunidades indígenas, promovendo uma resolução pacífica para o conflito territorial na região.