Economia

Crise hídrica diminui em 50% a movimentação portuária no Pantanal

Baixos níveis do rio Paraguai em Ladário/Corumbá provocam queda drástica no transporte de cargas e afetam o comércio exterior de Mato Grosso do Sul

6 AGO 2024 • POR Redação • 06h00
Reprodução

A crise hídrica no Pantanal tem causado uma queda significativa na movimentação portuária ao longo da hidrovia Paraguai-Paraná, um corredor vital para o comércio em Mato Grosso do Sul. Em 2024, o nível do rio Paraguai na região de Ladário/Corumbá não ultrapassou 1,5 metro, resultando em uma redução de quase 50% na movimentação de cargas.

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a movimentação portuária caiu pela metade entre janeiro e maio deste ano. A situação piorou com a continuação da estiagem, levando o nível do rio a 52 centímetros em 30 de julho, bem abaixo do mínimo necessário de 1 metro para o transporte eficiente de mercadorias. Até 28 de junho, o nível crítico registrado era de 1 metro.

A crise hídrica tem afetado principalmente o transporte de minério de ferro, a carga mais volumosa no rio Paraguai, com 1,6 milhões de toneladas movimentadas este ano. O porto Granel Química, em Ladário, sofreu uma queda acentuada de 89,5% na carga transportada entre janeiro e maio de 2024, totalizando apenas 134 mil toneladas.

Corumbá também foi impactada, com uma redução de 0,5% nas exportações, somando US$ 225,15 milhões entre janeiro e junho de 2024. O minério de ferro, responsável por 64% das exportações, viu uma queda de 8,5% em receita, o que corresponde a US$ 4,89 milhões a menos.

Historicamente, o rio Paraguai enfrentava problemas de navegação principalmente entre outubro e novembro, mas em 2024 a situação se agravou ao longo do ano. Em resposta, o setor privado tem pressionado por medidas governamentais, como a dragagem do rio, para melhorar as condições de navegação. A Agência de Desenvolvimento Sustentável das Hidrovias e dos Corredores de Exportação (Adecon) pediu ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) uma análise prioritária para a dragagem do tramo Sul do rio, um projeto que está em revisão desde julho.

O governo federal alocou R$ 95 milhões no Novo PAC para a dragagem de trechos críticos do rio Paraguai, mas a aprovação do projeto ainda está pendente.