Rural

Foco de gripe aviária em Bonito preocupa exportações de frango em Mato Grosso do Sul

Incidente provoca ações de fiscalização intensivas e esperanças de resolução rápida, enquanto a avicultura do estado enfrenta desafios imprevistos

22 SET 2023 • POR Redação • 08h17
Reprodução

O vice-presidente da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul), Cristiano Moreira de Oliveira, informou hoje que equipes de fiscais estão em alerta desde o dia 16, quando foi confirmado um foco de gripe aviária em uma criação doméstica em Bonito, localizada a 300 km de Campo Grande. O trabalho de rastreamento abrange 115 propriedades nas proximidades do foco inicial, com inspeções a cada três dias. Até o momento, cerca de 1.400 aves foram examinadas, e nenhum caso da doença foi encontrado.

O foco de gripe aviária em Bonito é causado pelo vírus de influenza A, considerado altamente patogênico. As propriedades examinadas estão situadas a até 10 km da área afetada. Tanto o vice-presidente da Iagro, Cristiano de Oliveira, quanto o secretário do Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, acreditam que o embargo japonês à carne de frango de Mato Grosso do Sul deve ser temporário, com duração de "questões de dias" ou até 28 dias, como mencionou Verruck.

Apesar das perspectivas otimistas, Oliveira fez um apelo aos criadores de frango, pedindo que relatem qualquer suspeita da doença à Iagro, por meio do WhatsApp (99961-9205). Ele assegurou que a fiscalização responderá prontamente a esses casos para investigação. A Iagro tem rigorosamente seguido os protocolos de biossegurança para preservar a avicultura brasileira.

Os sintomas comuns em aves infectadas incluem problemas respiratórios, corrimento nasal, diarreia e dificuldade de locomoção. O Brasil lidera as exportações globais de frango, representando 35% do mercado. Em 2022, a avicultura em Mato Grosso do Sul gerou mais de R$ 1,6 bilhão em exportações (US$ 339 milhões). De janeiro a agosto de 2023, o setor movimentou US$ 236 milhões (R$ 1,14 bilhão) em produtos de avicultura negociados internacionalmente, com 550 produtores e cerca de 50 mil trabalhadores.

Embora o embargo japonês deva ter um impacto mínimo na economia local, com as indústrias buscando novos mercados para as 2,5 mil toneladas que não serão enviadas ao Japão durante o embargo, o setor de exportações está preocupado devido ao foco em Bonito, que é o primeiro no interior do país. Outros dois focos em aves domésticas foram localizados próximos ao litoral, onde também foram encontrados 103 focos em aves silvestres marinhas.

Até o momento, a origem do vírus não foi determinada, mas há suspeitas de que tenha chegado à propriedade em Bonito por meio de aves migratórias, aumentando o temor de que outras aves contaminadas possam espalhar o vírus para outras regiões do estado ou para granjas de produção comercial. O protocolo de biossegurança do Japão exige que o Brasil envie um relatório sobre todas as medidas adotadas para controle epidemiológico 28 dias após a confirmação do foco, cabendo às autoridades japonesas a decisão de retomar ou não as importações.