sábado, 21 setembro 2024

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Conflito de terras em Douradina: Proposta de permuta do MPF enfrenta resistência

Proposta de troca de áreas enfrenta oposição de indígenas e Famasul; proprietária da fazenda ainda considera a oferta

Atualizado: há 1 mês

Redação

Para tentar resolver o conflito que já dura quase 20 dias em Douradina, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma proposta de permuta de terras. A ideia é transferir os 150 hectares ocupados pelos indígenas Guarani-Kaiowá para uma área em Anaurilândia, localizada a 232 km de distância. A fazenda reivindicada ficaria, então, com os indígenas.

A proposta foi discutida nesta segunda-feira (29) durante uma reunião que contou com a presença de representantes indígenas e dos fazendeiros. O MPF acredita que a permuta é viável, pois a área em disputa foi anteriormente assentada pelo governo federal, o que permitiria uma espécie de reassentamento.

Contudo, a sugestão não foi bem recebida pela comunidade Guarani-Kaiowá e pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Em declaração nas redes sociais, a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu) afirmou que os indígenas não aceitarão qualquer negociação que envolva sair de suas terras ancestrais e sagradas.

Apesar da oposição, a proprietária da fazenda está considerando a proposta de permuta, que poderia resolver o conflito.

Ordem judicial 

O juiz federal Rubens Petrucci Junior emitiu, na semana passada, uma ordem de despejo para os Guarani-Kaiowá, com um prazo de cinco dias para desocupar a área. Esse prazo expirou ontem, um dia após a segunda reunião mediada pelo MPF.

O juiz solicitou ao governador Eduardo Riedel e à Polícia Militar que garantam o cumprimento da ordem de despejo, especificamente no sítio “José Dias Lima”, de 147,7 hectares. A Aty Guasu criticou a ordem de despejo nas redes sociais, classificando-a como "justiça de homens brancos ruralistas".

O conflito começou em 13 de julho, quando um funcionário de um fazendeiro disparou contra um indígena, ferindo-o na coxa. Desde então, os Guarani-Kaiowá ocuparam a área reivindicada. A primeira reunião de mediação do MPF, realizada em 22 de julho, resultou em um acordo temporário para evitar confrontos até que uma solução fosse encontrada.

A situação permanece tensa, com a comunidade indígena e os fazendeiros em um impasse. 

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