O ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, expressou forte descontentamento com as novas regras da União Europeia (UE) que proíbem a importação de produtos provenientes de áreas de desmatamento. O ministro argumenta que tais medidas são uma afronta às normas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e poderiam prejudicar as relações comerciais entre o Brasil e a UE.
Aprovada pelo Parlamento Europeu, a nova legislação proíbe a importação de produtos de áreas com qualquer nível de desmatamento identificado até dezembro de 2020, independente de ser legal ou ilegal. O Regulamento da UE para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) abrange diversas commodities, como madeira, soja, carne bovina, cacau, café, óleo de palma, borracha e seus derivados. Mesmo para produtores que atendem aos limites de desmatamento impostos pelo Código Florestal Brasileiro, a exportação para países do bloco europeu será proibida.
Carlos Fávaro enfatizou a importância da rastreabilidade e certificação dos produtos brasileiros, ressaltando o comprometimento do país com a qualidade e produção sustentável. Ele citou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que afirmou que menos de 2% dos produtores brasileiros cometem crimes ambientais, evidenciando as boas práticas da maioria dos produtores.
O ministro defendeu a punição rigorosa para aqueles que cometem crimes ambientais, mas também enfatizou que o Brasil está aberto a negociações. Se a UE continuar com as medidas consideradas excessivas, Fávaro sugeriu a possibilidade de buscar novos mercados e até mesmo de fortalecer acordos com os BRICS (grupo de países emergentes, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Ele destacou os esforços recentes do ministério para ampliar os mercados para o agronegócio brasileiro, inclusive com países como China, Reino Unido, México e Egito. Fávaro ressaltou a importância de manter um cenário mundial competitivo e eficiente, que respeite o meio ambiente e promova parcerias benéficas para todos os envolvidos.
As novas regras da UE não apenas trazem implicações comerciais significativas, mas também reacendem o debate global sobre a relação entre produção agrícola, desmatamento e sustentabilidade ambiental.